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MOSTRAS DO ENGENHO

O Engenho Teatral vive na contramão: ao contrário dos filmes americanos e das novelas brasileiras, não representa o mundo como conflito de personagens. A vida não se resume a relações pessoais, afetivas, à psicologia e ao caráter desse ou daquele. Nem sempre historinhas pessoais, fábulas, dão conta de relações fundamentais entre os homens.

O açúcar, o ouro ou o café brasileiro já foram as principais mercadorias do mundo. O que ficou dessa riqueza para escravos, mineiros, colonos? A quem serviu essa exploração desenfreada? Hoje, vivemos novamente situação semelhante: a descoberta de petróleo em camadas profundas do nosso litoral (no chamado pré-sal) aponta para um novo surto de riquezas absurdas. Quem vai levar isso?

O Engenho se pergunta: interessa representar essa questão no palco? E ela se explica através do caráter e das relações afetivas e pessoais do presidente da Petrobrás, da Shell ou do presidente do Brasil? As histórias, briguinhas e intrigas nos moldes do filme americano e da novela dão conta de questões como essa, que são fundamentais em nossa vida e destino?

 

Obviamente, as formas, o jeito de representar a vida que predomina na indústria cultural, não são gratuitos, não são neutros nem inocentes e, muito menos, refletem uma suposta natureza humana. Mas formam nosso gosto, nossa maneira de olhar, sentir, pensar e reelaborar o mundo. Essa forma define um padrão (pode ser o padrão global): ao plantar em nosso cérebro uma maneira aparentemente “natural” de ser, pensar e sentir, o padrão também determina o que é bom e o que é ruim, o que tem qualidade e o que não tem, o que pode e o que não pode, o que queremos ou deixamos de querer. Por isso, muitas vezes, emocionados, pensamos e sentimos: “é assim mesmo que a vida é” ou “hoje, o capítulo da novela foi de arrebentar” ou “aquele filme é demais!” No sentido contrário, perdemos o interesse por determinados assuntos ou formas de representá-los: “ah, é muito chato!” (e isso, quase sempre, se volta contra aquilo que foge aos padrões estabelecidos; ainda assim, achamos que nós é que pensamos dessa maneira, que essa é a maneira “natural”, que isso faz parte de “nossa” “natureza humana” e não que isso foi produzido em nós por uma história e interesses).

 

Repetimos: o Engenho Teatral vive na contramão, tenta representar essa história e esses interesses, tenta enxergar aquilo que as formas da indústria cultural e nosso dia-a-dia escondem. Felizmente, não vive só nessa empreitada: outras vozes, outros artistas, outros grupos de teatro, cada um à sua maneira, trilham o mesmo caminho. É preciso ouvir, ver, vivenciar a experiência desses companheiros. Seu jeito de fazer teatro é, também, fundamental para a gente perceber o mundo de uma outra maneira e isso nos enriquece.

 

Engenho Mostra Um Pouco Do Que Gosta é uma mostra anual de teatro que reúne algumas dessas experiências para o público do Engenho Teatral. Não se trata de mostrar o chamado “teatro de qualidade”, as formas estabelecidas de ver e representar o mundo. São outras janelas que se abrem, é uma outra comunhão e festa que se propõe ao público.

Quem viu, sabe do que estamos falando. Quem não viu, resta esperar pela próxima e torcer pra que a gente consiga repetir a festa.

 

Para lembrar, ou para ver o que perdeu, segue abaixo um quadro com a programação das mostras já realizadas na Zona Leste.

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